O que é uma Stablecoin Algorítmica e como ela se Difere de uma Stablecoin Regular?

Como muitas pessoas se sentem incertas sobre as moedas digitais, várias soluções surgiram ao longo dos anos. Uma pesquisa realizada no ano passado nos EUA afirma que 75% dos cidadãos que ouviram falar sobre criptomoedas não confiam em sua confiabilidade. Assim, uma solução pode ser as stablecoins, um tipo de criptomoeda cujo valor é projetado para permanecer constante em relação a um item específico ou a um grupo de ativos relacionados. Sua função principal é reduzir a volatilidade usual dos preços dos ativos digitais, oferecendo um ativo confiável para negociação, investimento e transações.

É essencial entender os diversos tipos de stablecoins. Todas elas buscam preservar a estabilidade de preços, mas a forma como o fazem difere significativamente. Os dois tipos principais são as stablecoins algorítmicas e as stablecoins colateralizadas.

Neste artigo, discutiremos as diferenças entre as stablecoins algorítmicas e as stablecoins convencionais. Exploraremos a lista de stablecoins algorítmicas, suas funcionalidades e discutiremos o quadro regulatório que as envolve.

Visão Geral de uma Stablecoin

Stablecoins são moedas digitais respaldadas por uma reserva de ativos, como dinheiro fiduciário ou commodities como ouro, para manter seu valor estável. Elas são projetadas principalmente para fornecer estabilidade de preços no mercado de criptomoedas, que é geralmente instável, tornando-as mais apropriadas para serviços financeiros regulares e transações.

Ao associar o valor das stablecoins a um ativo menos volátil, elas buscam promover a estabilidade. Devido à sua capacidade de reduzir oscilações de preços, essa estabilidade é essencial para as transações diárias. As stablecoins são amplamente usadas para empréstimos, negociações e trocas.

Stablecoins Colateralizadas

Para garantir que seu valor não flutue, as stablecoins colateralizadas são respaldadas por ativos mantidos em reserva. Esses ativos podem consistir em outras criptomoedas ou dinheiro fiduciário.

1. Stablecoins colateralizadas por moeda fiduciária têm uma moeda fiduciária, como o dólar americano, como colateral. O emissor possui uma reserva de moedas fiduciárias equivalente ao número total de stablecoins. Tether (USDT) e USD Coin (USDC) são dois exemplos.
2. Stablecoins que são colateralizadas por outras criptomoedas são conhecidas como stablecoins cripto-colateralizadas. Elas são frequentemente sobrecolateralizadas devido à volatilidade dos ativos subjacentes. Por exemplo, para manter a estabilidade de preços, o Dai (DAI) da MakerDAO é respaldado por Ethereum e outras criptomoedas, geralmente em uma proporção superior a 100% do valor da stablecoin.

Como Elas Funcionam

Como mencionamos, as stablecoins colateralizadas dependem de reservas para apoiar seu valor. O método principal envolve ter um ativo de reserva adequado para igualar ou superar o valor das stablecoins emitidas. A estabilidade é mantida devido a esse respaldo, que garante que a stablecoin possa ser resgatada por seu valor correspondente no ativo de reserva.

Vamos examinar com mais detalhes a manutenção do valor das stablecoins colateralizadas. Considere uma stablecoin diretamente correlacionada ao dólar americano (USD) chamada X, que utiliza um sistema de reserva para alcançar essa paridade. É assim que ela opera:

Uma quantidade predeterminada de dólares americanos é mantida em reserva para cada X gerado. Dependendo da stablecoin, essa proporção de reserva pode mudar; no entanto, digamos que X emprega uma proporção de 2:1. Isso indica que 2 dólares em USD respaldam cada 1 dólar de X em uso. Esse colchão adicional mantém o preço de X estável e ajuda a absorver quaisquer mudanças no valor do dólar.

Os USD devem ser depositados nas reservas para emitir novos X. Um depósito de 200 dólares seria necessário para comprar 100 X (não se esqueça da proporção de reserva de 2:1). Depois disso, o emissor manteria com segurança os 200 dólares depositados em suas reservas e adicionaria esses 100 X ao montante total de X em circulação.

Além disso, os Xs podem sempre ser trocados por dólares americanos. Se um detentor quisesse sacar 50 X, ele devolveria esses tokens e receberia 100 dólares das reservas do emissor como o preço do token. O emissor então removeria permanentemente esses 50 Xs da circulação para garantir que a oferta total representasse a quantidade resgatada.

Por meio dessa abordagem, dólares americanos e Xs estão diretamente vinculados. As reservas garantem que sempre haverá dólares americanos suficientes para pagar todos os Xs em circulação. Auditorias regulares que confirmam que as reservas correspondem ao número de Xs em circulação promovem a transparência e a confiança no sistema.

O que é uma Stablecoin Algorítmica?

Uma stablecoin algorítmica é um tipo especial de criptomoeda feita para manter seu valor constante; geralmente está vinculada a uma moeda fiduciária, como o dólar americano. As stablecoins algorítmicas, ao contrário das stablecoins convencionais respaldadas por reservas (fiduciárias ou cripto-colateralizadas), dependem de incentivos econômicos e contratos inteligentes para controlar a oferta e alcançar a estabilidade de preços.

A seguir, discutiremos como funcionam as stablecoins algorítmicas:

Mantendo a Paridade

A ideia fundamental é uma interação complexa entre a capitalização de mercado e a oferta de stablecoins. O algoritmo observa constantemente o preço de mercado da stablecoin.

O algoritmo aumenta automaticamente a oferta total da stablecoin se o preço subir acima do valor-alvo, que no caso de uma stablecoin ancorada ao USD é de 1 dólar. O preço está sob pressão para cair e é empurrado de volta para a paridade por essa oferta adicional.

Por outro lado, se o preço cair abaixo do valor pretendido, o algoritmo queima tokens existentes para reduzir a oferta total. O preço sobe novamente porque há menos oferta total de tokens disponível, tornando os que permanecem mais valiosos.

Para ilustrar melhor o conceito, aqui estão alguns exemplos de stablecoins algorítmicas:

• TerraUSD (UST) e Luna foram os dois tokens usados neste projeto significativo de stablecoin algorítmica. Os tokens Luna eram destruídos para gerar mais UST quando o preço do UST ultrapassava 1 dólar. Isso aumentava a oferta e reduzia o custo do UST. Era o contrário quando o UST caía abaixo de 1 dólar. No entanto, o UST passou por um significativo descasamento em maio de 2022, trazendo à tona os possíveis perigos das stablecoins algorítmicas.
• Existem algumas diferenças entre Ampleforth (AMPL) e outras stablecoins algorítmicas. Em vez de adicionar ou retirar tokens arbitrariamente em reação às oscilações do mercado, o AMPL apresenta uma oferta elástica que se autocorrige diariamente. A base para esse ajuste é a diferença entre os preços atuais e almejados do AMPL, que geralmente são baseados no dólar americano. A quantidade total de tokens AMPL aumentará ligeiramente se o preço do token subir acima de sua meta. Por outro lado, a oferta diminuirá ligeiramente se o AMPL for negociado abaixo de seu objetivo. Essa estratégia visa gradualmente mover o preço de volta para o valor desejado.

Stablecoins Algorítmicas Fracionárias

A variante mais recente, as stablecoins algorítmicas fracionárias, visa integrar as vantagens das técnicas colateralizadas e algorítmicas. Ao manter a estabilidade de preços, essas iniciativas geralmente combinam mecanismos algorítmicos com uma reserva de colateral parcial para reduzir os riscos de subcolateralização e dependência de algoritmos complicados. Um projeto de stablecoin algorítmica fracionária é chamado de Frax.

Stablecoins Algorítmicas: Vantagens e Desafios

Depois de entender a funcionalidade das stablecoins algorítmicas, é hora de discutir suas características. Em contraste com as stablecoins convencionais, colateralizadas, stablecoins, elas têm uma combinação distinta de benefícios e desvantagens.

Prós

• As stablecoins algorítmicas geralmente são consideradas mais descentralizadas. Como elas não dependem de uma única organização para gerenciar reservas, promovem um sistema mais independente e irrestrito.
• Técnicas algorítmicas podem estabelecer um sistema mais eficiente para preservar uma paridade de preço estável do que manter uma reserva de ativos.
• Devido à sua falta de dependência de sistemas financeiros tradicionais ou de uma autoridade central, as stablecoins algorítmicas podem estar mais amplamente disponíveis para consumidores em todo o mundo.
• O design e a funcionalidade das stablecoins algorítmicas podem continuar sendo inovadores, marcando um novo capítulo na história da tecnologia de stablecoins.
• Comparadas a algumas stablecoins tradicionais, as stablecoins algorítmicas permitem maior transparência porque seu código subjacente e procedimentos são frequentemente de código aberto.

Desafios

• Elas são propensas a incidentes de descasamento durante uma volatilidade extrema do mercado. Se houver uma grande venda, o programa pode achar difícil manter a paridade apenas por meio de mudanças automáticas.
• Há um grau de risco, pois os algoritmos complexos que controlam as modificações de oferta podem ser difíceis de compreender e prever.
• A dinâmica do mercado e a liquidez desempenham um papel significativo na estabilidade das stablecoins algorítmicas. Uma queda acentuada na demanda pode causar uma rápida queda de valor.
• As leis que regem a regulamentação das stablecoins algorítmicas ainda estão mudando. Devido aos quadros regulatórios incertos, os usuários e as empresas podem enfrentar mais incertezas.

Diferenças Chave entre Stablecoins Algorítmicas e Regulares

As duas principais estratégias para preservar a estabilidade de preços no mercado são as stablecoins algorítmicas e as stablecoins regulares, às vezes chamadas de stablecoins colateralizadas. Abaixo está um resumo das stablecoins algorítmicas versus stablecoins regulares:

Mantendo a Paridade

Ao contrário das stablecoins algorítmicas, que controlam a oferta e a demanda por meio de contratos inteligentes e algoritmos, as stablecoins regulares mantêm sua paridade por meio de reservas colateralizadas. Essas reservas são compostas de ativos do mundo real, como dinheiro, ouro e outras criptomoedas. A estabilidade é garantida porque cada unidade de stablecoin é efetivamente respaldada por um valor subjacente semelhante.

Descentralização

Stablecoins são caracterizadas por diferentes graus de centralização. Por um lado, as stablecoins centralizadas são gerenciadas por uma única parte, frequentemente uma empresa ou organização financeira. Este órgão central é responsável por gerenciar os ativos de reserva e garantir que haja o suficiente para apoiar todas as stablecoins em circulação.

Os usuários dependem dessa organização para manter a paridade. Por outro lado, as stablecoins descentralizadas automatizam o gerenciamento de reservas e a manutenção da paridade por meio de tecnologia de registro distribuído e contratos inteligentes. A rede mantém a estabilidade da stablecoin, e não há um ponto único de controle nesse sistema.

Mecanismos de Estabilidade de Preços

Stablecoins não estão vinculadas a um ativo subjacente e devem ter um mecanismo de resgate. Esse sistema permite que os usuários troquem suas stablecoins por uma quantidade equivalente de ativos, geralmente em uma proporção de 1:1. Como resultado, uma força de mercado natural é criada, auxiliando na estabilidade de preços. Os usuários são motivados a trocar seus tokens pelo ativo subjacente se o preço da stablecoin subir acima da paridade, o que aumenta a oferta do ativo e diminui o preço da stablecoin.

Por outro lado, as pessoas podem comprar stablecoins com o ativo subjacente se o preço da stablecoin cair abaixo da paridade. Isso diminuiria a quantidade de stablecoin em circulação e aumentaria o preço de volta à paridade.

Riscos e Vulnerabilidades

Embora as stablecoins regulares ofereçam mais segurança por meio da colateralização, elas vêm com perigos. O valor-alvo do colateral está sujeito a mudanças, e uma grande queda pode colocar em risco a paridade da stablecoin. Além disso, os clientes correm o risco de perder seu dinheiro se a organização que mantém as reservas de colateral falir (risco de contraparte). Por outro lado, as stablecoins algorítmicas apresentam um conjunto distinto de riscos. Seus algoritmos complexos podem ter dificuldades em manter a paridade durante uma volatilidade excepcional do mercado.

Elas também dependem de informações precisas e oportunas de preços de fontes externas, que nem sempre são confiáveis. Os contratos inteligentes das stablecoins algorítmicas podem ser sua maior fraqueza. Se esses contratos forem explorados ou tiverem falhas, os resultados podem ser desastrosos.

Considerações Chave

A colateralização das stablecoins regulares envolve um trade-off que precisa ser considerado. Um grau adicional de proteção é fornecido por stablecoins sobrecolateralizadas, nas quais o valor do colateral que sustenta a oferta de stablecoin excede o valor total das stablecoins em circulação. Isso indica que há ativos suficientes para cobrir todas as stablecoins em circulação, mesmo que o valor do colateral diminua ligeiramente.

Essa estratégia, por outro lado, também pode ser menos eficiente em termos de capital. Por outro lado, proporções de colateralização mais baixas podem aumentar a eficiência do capital, permitindo que o emissor produza mais stablecoins com a mesma quantidade de colateral. Isso pode resultar em liquidez e efeitos de rede, mas também há um risco aumentado se o colateral que sustenta a stablecoin perder valor.

Portanto, cada tipo de stablecoin oferece benefícios e desvantagens únicos. Stablecoins regulares podem ser menos descentralizadas, mas, por meio da colateralização, oferecem mais estabilidade. Embora proporcionem um método mais descentralizado, as criptomoedas algorítmicas carregam um risco inerente mais alto. A decisão entre as duas é baseada na tolerância ao risco e nas necessidades pessoais.

Reflexões Finais

Em resumo, ambas as stablecoins têm características únicas e prós e contras. Embora as stablecoins regulares possam ser menos descentralizadas, elas oferecem maior estabilidade de preços, pois são respaldadas por reservas colateralizadas. As stablecoins algorítmicas, por outro lado, incentivam a descentralização ao utilizar contratos inteligentes e algoritmos. No entanto, elas podem ter dificuldades para manter sua paridade durante uma volatilidade significativa do mercado. Elas dependem de dados de preços externos e estão sujeitas a violações de contratos inteligentes.

Escrito por

Otar TopuriaEscritor

Revisto por

Tamta SuladzeAutor Principal